A automação do olhar e do gesto não é capaz de substituir o artista, nem o trair.
O vídeo registra uma sessão de autorretratos do artista feitos através de sua extensão maquínica. Em jogo, a performatividade do artista, do olho, da câmera e do software. Ambiguidades entre o observar e ser observado, entre o desenhar e ser desenhado.
Noturnas I (2020)
A série Noturnas foi composta no período de isolamento e pandemia, a partir de um incômodo com o aumento da incidência diária de luzes das telas eletrônicas. A luz baixa e a escuridão são motivações, e desenhar nestas condições traz interações incomuns entre humano e máquina. Mal ver a câmera, mal ver o traço, mal ver a si próprio. Mas revelar luzes inexistentes, revelar possibilidades.
Estudos para Enganar a Visão de Maquina I (2020)
A Visão Computacional é um instrumento imperfeito de automação da visão e dos julgamentos a partir da imagem digital, utilizado amplamente em contextos de vigilância e controle. Os Estudos para Enganar uma Máquina são uma série de experimentações com Ataques Adversários, ou seja, que enganam ou confundem um sistema de Machine Learning, explorando situações que possivelmente não foram consideradas durante seu processo de treinamento. Os experimentos, ou grafias, foram pensados a partir de gestos corporais simples, utilizando cabeça, mãos e objetos de alcance imediato.
Sergio Venancio é artista, programador, pesquisador e professor brasileiro. Graduado em Artes Visuais e em Ciência da Computação pela UNICAMP, e mestre em Artes Visuais pela USP. Durante o mestrado desenvolveu o software Extentio, que simula um processo de desenho de observação a partir de técnicas clássicas de Inteligência Artificial e Machine Learning. Leciona nos cursos de Especialização em Design Gráfico UNICAMP, e Pós-Graduação em Arquitetura Digital e Projetos Paramétricos na Belas Artes SP. Atualmente no doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV ECA USP), sua pesquisa segue na intersecção entre Artes e Inteligências Artificiais, discutindo os processos humanos de memória e recordação hiperestimulados por dispositivos que automatizam inferências sobre o mundo, especialmente através da Visão Computacional. Participa do grupo Realidades (ECA USP) e COM.6, pelos quais já participou de exposições e festivais nacionais e internacionais com instalações interativas.